A Primeira Medalha Olímpica do Brasil veio do Tiro Esportivo

Parabéns Felipe Wu pela primeira medalha Olímpica do Brasil! Mas principalmente por conseguir vencer todas as dificuldades que encontramos em nosso país!

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Como apaixonados e entusiastas do esporte, imaginem nossa alegria ao saber da medalha do Felipe.

Estávamos esperando uma divulgação massiva da vitória e do esporte. Esperávamos que o atleta fosse destaque em todos os canais de comunicação. Não seria assim com Futebol, Vôlei, Judô, ou qualquer outro esporte dito tradicional?

Porém, a primeira medalha do Brasil, de prata, não foi tão exaltada e divulgada. Aliás, falou-se mais da continência prestada pelo Felipe Wu durante o Hino, do que propriamente da medalha.

E por que isso? Por que o tiro esportivo é tão discriminado e marginalizado? Por que o esporte que nos trouxe a primeira medalha Olímpica da história, e agora nos traz a primeira medalha (e única até o momento) destes jogos, não é exaltado como deveria ser?

A grande verdade que, por conta de motivação política, somos vítimas de uma perseguição constante e sistemática, que afeta toda a cadeia do esporte.

Em outros países a pratica do tiro esportivo é incentivada desde cedo, e os atletas tem todo apoio do estado para que possam treinar e se desenvolver. Graças à leis absurdas e uma burocracia sem igual, aqui no Brasil isso é praticamente impossível.

Vamos ver como funciona:

Para iniciar no esporte o atleta terá que em primeiro lugar se afiliar à um clube de tiro. E aí começa a dificuldade.

É cada vez mais raro encontrar clubes novos. E os que já existem, tem sofrido para manter-se abertos, dada a dificuldade burocrática para isso.

Dependendo da modalidade escolhida pelo atleta, o mesmo precisará conseguir uma série de documentos para adquirir o equipamento, acessórios, e, principalmente a munição. O que torna tudo mais caro e lento.

O acesso fácil à munição é indispensável para que o atleta possa praticar e melhorar seu desempenho. Porém, a aquisição da mesma passa por um controle bastante rigoroso. Para que se tenha uma ideia, toda munição adquirida tem que ser mapeada, o que consiste em “provar” onde e como foi usada.

Se o atleta escolher a modalidade de ar comprimido, terá a vida um pouco facilitada, porém também encontrará algumas dificuldades.

Em função de impostos específicos para esta categoria de equipamentos, a importação é extremamente onerosa. Além disso, uma série de procedimentos burocráticos, torna todo o processo muito lento e incerto.

Isso faz com que se torne desinteressante para as importadoras, já que o alto custo dos equipamentos de ponta, inviabilizaria o comercio aqui no Brasil. Sendo assim, encontrar equipamentos de ponta, no comercio local, é algo raro. E, quando encontrado os preços são surreais.

Tanto que, as carabinas de pressão no Brasil, mesmo às de lazer, se comparadas à outros países, tem um custo de aquisição extremamente superior ao encontrado em outros países.

Dentro deste cenário, alguns atletas tentam importar diretamente. Porém, o processo todo é caro, lento e incerto. Temos muitos casos de colegas e atletas que, apesar de estar com toda documentação em dia, tiveram seus equipamentos apreendidos durante uma importação, sem qualquer justificativa plausível.

Agora o atleta passou por todo esse transtorno, e tem já seu equipamento, e quer começar a participar de eventos no Brasil, para ganhar experiência. Mais uma dificuldade.

Primeiro para encontrar esses eventos, já que são cada vez mais raros, dadas as dificuldades. Mas até mesmo coisas simples, como um deslocamento acaba se tornando um empecilho, já que, por exemplo, Cias Aéreas tem regras específicas para o transporte dos equipamentos.

E para conseguir patrocínio? Como a imprensa e a mídia não divulgam o esporte, muitas marcas não tem interesse em patrocinar estes atletas.

Além disso, como é do conhecimento de todos, a televisão brasileira tem um posicionamento anti-armamentista. E alimenta de forma negativa isso. Então, cria-se uma imagem negativa do esporte. E patrocinadores não querem estar vinculados à esta imagem.

Para que tenham uma ideia, o Felipe Wu, nosso medalhista olímpico só teve o apoio das forças armadas. E se não fosse sua paixão, persistência, e luta contra todo um sistema que vai contra o seu esporte, jamais teria chegado onde chegou.

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Autor: mei

Publicitária, apaixonada por tiro esportivo e cinema.

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